O terceiro tipo de romance dá pelo nome de sentimental. (...) Mas o que é o sentimentalismo? Se perguntarmos a quem supostamente sabe, a resposta será: um excesso de emoção; ou ainda, um acesso de emoção deslocada. Ambas as respostas falham o cerne da questão. (...) O sentimentalismo é a emoção que exclui a acção, real ou potencial. É egocêntrica e uma espécie de faz de conta. O sentimentalista está tão longe de ser alguém cujas emoções excedem os limites legais que bem poderá ser acusado de falta de energia naquilo que sente: as suas emoções não o propelem a agir.
in Barzun
Foi-vos prometido (mais) um disclaimer, segue-se. Sobre o -
the role of anarcho-punk zine editors as organic intellectuals and authoritative representatives who engage in the construction of anarcho-punk as a sub-cultural/political movement
in Grimes et al.
- recordamos: OS POSITIVOS não são autoridades representativas de ninguém excepto dos próprios.
Não tens como o saber mas o Class'77 tinha como subtitulo: "call to arms". Aguentou-se uns três segundos depois de publicado, o tempo de o remover. Não renegamos a intenção, é mais que óbvia em todo o sítio, e é o mais perto que estivemos na última década de publicarmos um manifesto. Ou, dito de outra forma, mesmo que OS POSITIVOS não fossem explicitamente um longo call to arms, implicitamente seriam-no na mesma: faz parte. Mas parte apenas, não é o todo, e depois há tudo o resto.
Há uma secção no "Notes from Underground: Zines and the Politics of Alternative Culture" que nos resume a ideia mas não encontramos o nosso Esteves - note for self: rippar, actualizar biblioteca. Felizmente encontramos o resumo do Matt Grimes sobre o Duncombe que diz o mesmo e provavelmente ainda mais curto, just like u nice folks like. Do "The Aesthetic of out Anger, Anarcho-Punk, Politics and Music", Mateus, 157:2016:
Some of the zine editors expanded on the editorial ‘space’ by producing treatises and ‘manifestos of action’, ‘declarations of intent’, and a ‘call to arms’ to challenge the hegemony of society but also to challenge the anarcho-punk scene and what they perceive to be its failures and contradictions
A descrição cai-nos que nem uma luva se entenderes por a cena, os cómicos. Mas. É mais complicado do que isso. Do Grimes, sobre um Duncombe, sobre todos nós, o que deverá ser óbvio para toda a gente:
authority embodied in the discourses of the zine editors/producers: this creation of identity in the editorial and pages of the zine is both a reflection of the larger world of reality and representation and a search for an authoritative self where that level/degree of personalization by the zine producers/editors is a way of seizing authority
Caro teen: não faltam gaijos a dizer-te o que fazeres. OS POSITIVOS são opinados até ao tutano e não poderiam parar de te dizer o que fazeres mesmo que nos mandassem calar. Especialmente se nos mandassem calar. Essa é uma. Mas essa identidade que se confronta com o "larger world" na construção de um "sub-cultural/political movement" é apenas aquela parte destinada a consumo externo: depois-antes-em-todo-o-lado vem o resto, o tal processo de "seizing authority" em sentido inverso: para dentro. Este, é aquele que não te vamos explicar, nada te deve ou afecta. Aqui, também não queremos ouvir de ninguém sobre nada. Nada que, no final do '77, não o tivéssemos lembrado.
Caro teen, faz-o-que-te-digo: não dês ouvidos a ninguém, não te conformes à lógica dos outros porque não há filosofia que melhor te sirva do que aquela que emana de dentro.& that's that.