As u guys know, ontem deparamo-nos numa entrevista ao Katchor 19 outubro 2016 que nos leva a hoje querer deixar yet another footnote a toda a questão da BD no digital-enter-tha-webs. Da entrevista, alguns cites retalhados para definir um mood que vos importe e ligação às moralidades que nos/vos ocupam:
"Destroy All Comics" (-e como não gostar do título?- era um) zine (published by Slave Labor Graphics) (que foi) influential the way some blogs or twitters are influential now—flaring up as a node in a network for a year or two, then fading and dispersing. (...) Destroy All Comics represented a weird new mix of punk DIY and cartooning classicism
Destaques nossos. Punk e classicismo? Zine e blog equiparados? Sacrebleu! Continuando, com o DAC e os comics do Katchor em particular, estes denotavam uma espécie de historical consciousness:
This kind of “reality based" historical or anthropological viewpoint felt like a new landscape for comics in the 1990s: an alternative to superhero continuity checklists, fandom’s specialist crate-digging, and to the sex and goofs of the underground. (The ’90s also saw a sort of first blip of “cyber" and “electro" comics that started playing with computers as subject and metaphor and tool. It seemed “prog" at the time, but looking back there was some interesting stuff happening. Someone should put together a book of that kind of material? It was reacting to the graphics of computer games at the time, which were already threatening to change the face of comics forever…)
E só este excerto pede demasiados comentários - quiz test que podes fazer a ti mesmo neste momento: se os consegues adivinhar, passaste o teste. Quem neste momento não cruza ainda o "reality based", "historical consciousness", "underground" "super hero alternative", no mix aos "computers" e "graphics" de "computer games" que "already threatening to change the face of comics forever", era de anulares a tua subscrição (*) aOS POSITIVOS.
* oh, we're free... nevermind: u guys have it all, OS POSITIVOS: o vosso agregador de conteúdos curados para uma geração de digi-punx.
E entramos no digitalis. Internet?
The access the internet affords us to archival material, independent journalism, social organizing, etc. should be a wonderful thing.
Sobre o "drawing digitally", sabemos que o Katchor é "unsentimental about paper and ink": "paper factories are horrible places and ink is carcinogenic" -
Because he draws for reproduction, having a physical artifact is not the point for him. He described having a lot of drawings on paper, but not actually doing anything with them.
in "The New York Comics Symposium: Ben Katchor Interviewed By Gil Roth" 5 abril 2013
Servem sempre para a expo no BD Amadora ou Beja, eles gramam papel... E quanto maior a gramagem mais o gramam.
A sua postura em relação à BD é-nos próxima. De artigo circa 2013:
his belief in comics as a popular art form that should be made widely available
in "The New York Comics Symposium: Ben Katchor Interviewed By Gil Roth" 5 abril 2013
Ainda que ressalvando as dificuldades habituais -
whether online or in print, (...) books can be cost-prohibitive and that internet access is not universal
in "The New York Comics Symposium: Ben Katchor Interviewed By Gil Roth" 5 abril 2013
- concluí o mesmo que OS POSITIVOS sobre o formato ideial à propaganda punk veggie anti-nazi:
Katchor reflected on the heyday of free newspapers, which he considered to be his “ideal venue" (...) which was essentially “cheap and disposable."
in "The New York Comics Symposium: Ben Katchor Interviewed By Gil Roth" 5 abril 2013
Mas, e se o mood está definido, a música é soft, as velas a fazer o seu efeito, enought foreplay, let's get it on. Papel, digital, o que te importa? Importa-te onde o segundo afecta as materialidades do primeiro. Ou, como resume o Katchor:
As long as we have physical bodies, the depiction of the physical world will interest me. The smartphone lives in the physical world, in the lint filled-pocket of an unemployed office worker who needs to find a restroom.
Esse é o resumo do Kay-to-tha-shore. Delicadoce, poético, um traço de consciência histórica, e acaba tudo em xixi - as vicissitudes da vida, que cada qual pode escolher como as trata, e as BDs do Katchor tratam-nas com uma sensibilidade muito própria. Segue-se o nosso resumo da interação digital-real e a poesia vai apanhar na peida.
O telemóvel é hoje um novo membro ao corpo humano. A exposição que lhe temos é massiva: segue-nos para todo o lado, está sempre connosco, é através dele que comunicamos com os que nos são mais próximos, e como nos inteiramos do que se passa à nossa volta. So far so good: no papel (funny!) parece-nos prático. O problema que nos importuna -e nos oportuna- é que este não é um canal neutro, mas politizado. Teen: hora de inverter políticas.
O que lês na tua timeline de Facebooks, Twitters, nos teus resultados de pesquisa do Google, etc, é-te tudo mediado, e não para acolher as tuas prefências apenas como supões: o Google arrasta multas na europa por sonegar resultados, o Facebook tem um historial de estranhas censuras e apagões sem justificação -yadda yadda yadda.
Mais. Estes serviços definem a agenda do dia. Da há dois dias, um exemplo perfeito do poder editorial que um Facebook 20 outubro 2016 tem agora:
NPR rides Facebook wave to traffic record
Why did it perform so well? Building the audience ahead of time was surely one major factor in contributing to the page’s performance. (...) But this isn’t the whole story. Looking into the analytics, according to Chartbeat data and confirmed by NPR, Facebook was the major driver of traffic for the page, though it also did well on search. On the night of the debate alone, Facebook sent over 2 million page views to the page.
Segue-se o gráfico. Compare-se desktop e mobile: consegues notar o pico de tráfego?
desktop is soooo dead.
As far as the NPR analytics team can tell, he said, Facebook traffic did not come from any particular post going viral. Nor did they spend money promoting Facebook posts for the first debate. About half of Facebook traffic came from posts on the 90 NPR pages that shared it, and half came from organic sharing by readers.
Ou seja, o tráfico resulta de uma escolha do Facebook. Este determinou, a meio do debate presidencial norte-américas, promover aos seus utilizadores um sítio, necessariamente à custa de outras alternativas.
Ultimately, the fact that Facebook traffic spiked at the end of the debate wasn’t based on a decision made by NPR, or some viral fluke, but rather determined by Facebook’s algorithm. As publisher, NPR had no control over how many people saw its post, and how or why the page did so well on Facebook remains something of a mystery. (...) Facebook had a lot to do with that — its algorithm favoring one link or another affects the fate of publishers.
Sobre os oportunas: existem. Tal como o Google tem que constantemente refinar os seus algoritmos de relevância, o Facebook é parasitado por diversos serviços justamente pela influência que tem sobre as pessoas em gerar os tópicos na ordem do dia. Exemplo de hoje, citado de ontem:
Facebook -- which accounts for as much as 75% of the traffic to popular websites -- tweaked its algorithm to downrank those same publishers, who had been engaged in an arms-race to dominate Facebook users' feeds through techniques intended to gain high rank in Facebook's secret scoring system.
Starved for the traffic that keeps their businesses viable, publishers have turned to brokers who pay celebrities to post their stories in their personal feeds, working their way back into Facebook users' fields of attention.
The practice of paying celebs to post stories and ads was already established as a kind of arbitrage services, since celebs charged less for reposting services than Facebook charged to advertise to the same users. With the Facebook crackdown on "professional content," these payola services are now the only game in town, and they're growing like crazy.
in "Facebook's crackdown on publishers feeds has sites paying celebs to repost" 22 outubro 2016 sobre o original em "Facebook-thirsty publishers turn to celebrities to worm into the news feed" 21 outubro 2016
Citação na citação:
It’s the latest example of publishers finding a distribution channel for their content, then having to compete with upstarts who make content specifically for that channel.
Nossa proposta: cria outros canais de distribuição e gera conteúdo específico para esses canais. O momento presta-se a isso e todos os indicadores sugerem que o apetite para eles existe. Mas importante: se esses canais não estão nos telemóveis do povo, badamerda para ti.
Ou, o mesmo mas recordando a sensibilidade poético de um K-man :
the smartphone (...) in the lint filled-pocket of an unemployed office worker who needs to find a restroom
It’s about choices, e há toda uma indústria a tentar fazê-las por ti. Começaste os zines porque querias alternativas, agora que nunca foi mais fácil de espalhares a tua mundo fora, estás no Facebook a alimentar algoritmos que um dia resultarão na IA –"inteligência artificial"- a substituir a tua AI –"ausência de inteligência"?
Make choices.
“I’m not out in the street breaking windows. I prefer to make comics about people breaking windows."
in "The New York Comics Symposium: Ben Katchor Interviewed By Gil Roth" 5 abril 2013
And sometimes, u don’t have ta choose: u can have both :)