Recordamos que o tema continua a ser webcomics e punx - só escolhemos dar a volta maior. O "grassroots neighborhood comics" sempre esteve em agenda para desenvolvimento e o discurso conterá bastante bias como se exige: gradualmente chegaremos aos dois.
Despostismo, comunidades, em escalas de respeito e poder que por sua vez que dependem da distribuição económica e controlo da informação. Da primeira:
"Where land is privately owned one sign of a poorly balanced economy is the concentration of land ownership in the hands of a very small number of people (...) the control of jobs and business opportunities in a few hands (...) another sign of a poor balanced economy is a taxation system that presses heaviest on those least able to pay"
Do controlo da informação:
"A community rates low on an information scale when the press radio and other channels of communication are controlled by only a few people and when citizens have to accept what they are told (...) books and newspapers and the radio are efficiently controled the people will read and accept exactly what the few in control want them to (...) it's also possible for newspappers and other forms of communication to be controled by private interests [exemplo dado ? "advertisement"...] (...) in communities of this kind of despotism stands a good chance"
Mas que sabem eles, nem havia internet à data. Por falar nesta, da call to action da "Web Descentralizada":
The current Web is not private or censorship-free. It lacks a memory, a way to preserve our culture’s digital record through time. The Decentralized Web aims to make the Web open, secure and free of censorship by distributing data, processing, and hosting across millions of computers around the world, with no centralized control.
in http://www.decentralizedweb.net/
Sobre os auspícios de um Trump presidente-eleito fomos presenteados por uma oportunidade que, por todos os motivos errados, nos prova certos. Este verdadeiro maná que nos caiu no colo - passe tudo o resto que se adivinha a caminho - forneceu-nos não só o manancial de literatura "webmediana" * às novas tecnologias cruzadas com media, a urgência do tema, e -cereja, bolo, analogia- enrolou a imprensa e o falso num mesmo debate tão óbvio que ainda hoje e tantos dias depois do facto continuamos eléctricos de excitação.
* Inventámos. Grosso modo traduz os escritos web relacionados ao media, cruzado com um não muito lisonjeio mas nem por isso totalmente depreciativo "mediano", algures entre o "muito bom" e o "insatisfaz". In short: "suficiente" - suficiente para ilustrar o geist daqueles que são o nosso objecto de estudo e método de trabalho.
Quando pré-Trumpas dizíamos que a relação imprensa-comics nos permitia tecer conclusões favoráveis ao advento da BD nos media digitais focado-nos quase exclusivamente na naturalidade do meio que o tornava desejável e lhe permitiria impor-se numa industria em crise sobrecarregada de incertezas e a necessitar de conteúdos que lhe fossem -e repetimos- naturais. Algures em outubro, já a propósito dos punx, temos por diversas vezes de afastar um outro conceito que insiste em intrusar-se nas nossas considerações: autenticidade. Ainda que nos tenhamos escusado de o definir, este não parou mais de ramificar-se em cada nova direcção que alcançávamos.
Caso seja necessário recordar:
Igualmente recorrentes mas adiados, so far: "webcomics" como designação temporária à BD que encarna a nossa tese, e, como um véu que sobre ela desce ou os alicerces onde se ergue - depende se a rescrevermos como o ponto de partida ou chegada - a definição da nossa "framework total". Entre os dois, já te é mais que óbvio que o modelo proposto é-o por reacção adversa a outro qualquer que dependa a sua motivação de um ganho económico.
Quando, pouco tempo depois de fazer a sua primeira aparição nOS POSITIVOS, do outro lado do planeta, um promotor imobiliário tornado entertainer tornado presidente evidencia a importância das tecnológicas E! a realidade dos bots/algoritmos/AI E! e crise dos media E! o colapso do jornalismo E! a falsidade que o permeia, foi como se o natal tivesse chegado mais cedo.
...Com perspectivas de um ano novo a azedar rapidamente: a vaidade e vacuidade do presidente-eleito irá virá-lo aos cartoons editoriais numa qualquer indignação viral que mesclará as ferramentas que lhe entregaram a presidência num irónico caso de feitiço contra feiticeiro - e temos a nossa tese escrita!- no que receamos que vá descambar num massacre à-lá Charlie Hebbo pelos nazis locais.
Adiantamo-nos.
Mas devolve-nos ao tema central do post de hoje fechando o ciclo das notícias falsas, aquele outro tópico que ressalta de tempos a tempos: o local.
Como o enunciamos antes -
"a proximidade e localidade de áreas de intervenção no digital: estas não são mais áreas geográficas mas áreas de interesse"
in Real Nós
Por local entendemos uma comunidade iguais, não necessariamente na condição mas na compreensão. Entendemos também que essa localidade se define por uma proximidade dos seus intervenientes que nada deve a distâncias ou falta delas mas à imediatez que os une ou separa. No realm do digital, local persiste enquanto comunidade de próximos menos a distância. Chamam-lhes "nichos".
Dito isso, e, como o sequenciamos no excerto citado anterior -
"Acresce ainda ao digital, como já o dissemos, que este favorece a concentração de ideias iguais na oposição à diferença: no realm do digital -redes sociais acima de tudo mas não exclusivamente- há uma menor abertura ao contrário e uma concentração em torno de qualquer validação às opiniões já formadas."
- para o bem e para o mal. Nesta sociedade: para o mal. Para uma sociedade utópica sustentada por uma framework como (A)quela que nos vale mais benevolência: para o melhor. Para uma imprensa que depende do dollar-sign, para o pior. Para uma imprensa próxima do seu leitor, para o bem. Do esvaziamento do "interior" e da qualidade do jornalismo:
With fewer journalists working today, reporters are becoming increasingly concentrated in coastal cities, investigative journalism and local statehouse reporting is declining, and the ratio of journalists to public relations specialists is widening. (…) As national and local newspapers try to cut their way out of trouble by slashing editorial budgets and shedding staff, journalistic quality is becoming a casualty.
http://www.ospositivos.com/2016/11/face-it.html
Da relevância:
Scale matters. Some smaller and local newsrooms feel left out
http://www.ospositivos.com/2016/11/we-call-them-frenemy.html
Do impacto e proximidade:
For many of us, news about our friends is more important than reporting of politics or foreign conflicts that journalists have long used as their definition of "news."
http://www.ospositivos.com/2016/11/industria-da-imprensa-impressa.htmlYou are working for a much smaller audience, but it’s focused and you can really gain some notoriety locally. And there’s nothing like upsetting locals. (…) The readers are more connected to local work.
http://www.ospositivos.com/2016/10/ted-rall-vs-matt-bors.html
Da sustentabilidade:
Small city newspapers (dailies and weeklies) aren’t complaining. Why not? Because they’re not in the kind of trouble big city papers are in. They still get sufficient revenue from advertising, display and classified: local businesses have no place else to advertise.
http://www.ospositivos.com/2016/11/industria-da-imprensa-impressa.html
- eeee mashup do insight que essa totalidade converge, pós-Trump:
In many ways, local reporters are well ahead of the national (...) The hand-wringing taking place in the national media over how journalism failed to understand what was happening doesn’t quite fit in this part of the country. Local journalists were well aware of Trump’s deep appeal in their communities and had been reporting it for months leading up to Trump’s victory.
To be a local journalist after the 2016 election means reminding readers and viewers that the local press is not the national media but they nonetheless share the same responsibility to report the news (...) the challenge for local media is that no matter how hard journalists try to be fair and impartial and do the right thing for the community there is "always that media thing right behind you even if the story was totally legitimate."It is an odd paradox in a small community: people shop with their local TV reporters and send their kids to school with the children of the editors of their hometown newspaper. They know their local journalists not simply as a byline but as the reporter who sits in the fourth row from the front on the right side of the church every Sunday. They don’t always see them as "the media." The media are CNN and The New York Times and the Huffington Post.
Local journalists, like their national counterparts, are sure to face more criticism as Trump prepares to take office. There are two things at play: one is what role journalists will have under a president who has been outwardly hostile of the watchdogs of government, and the other is to what extent people will be willing to listen if the journalism doesn’t confirm previously held beliefs. In other words, how will any journalist deliver credible news under a model in which people doesn’t necessarily want information but rather something else?
in "Trump territory, local press tries to distance itself from national media" 21 nov 2016
A institucionalização da presidencia Trump será um desafio: os power-the-be estão no hábito de normalizar o discurso do líder - desta vez o líder parece ser antagónico aos power-the-be: vermos então. Do artigo citado, o desafio explicado versão objectividade menos aquilo da falsa neutralidade que obriga ao equilíbrio mesmo onde este não existe e força a intervenção artificial na balança:
Pope, the reporter at the ABC 57 station in South Bend, says when he covered a Trump rally in Indiana earlier this year he saw Confederate flags, signs telling people to go back to Mexico and references to Adolf Hitler. They were things he had "never seen before with my own eyes, things that made me drop my jaw." (...) He decided the best way to convey what he was seeing was to be upfront with viewers that it was abnormal. "I didn’t editorialize," he says. "What I didn’t do was treat this as a normal thing, just something we did. I made sure to stress that we haven’t seen South Bend like this. We saw a city divided." (...) Pope says the real challenge is trying not to normalize the behavior but also to be fair.
in "Trump territory, local press tries to distance itself from national media" 21 nov 2016
O local implica também as redes sociais que nos ocuparam nos posts anteriores. Primeiro, a constatação, mesmo contra o que possam assumir ou não: são canais de programação. O video é cada vez mais uma prioridade, a partilha de conteúdos pessoais no Facebook está em declínio, no seu lugar cada vez mais "informação" publicada por agências com algum tipo de agenda. Segundo, o underlying obvious: simultaneamente as redes sociais querem contrariar essa institucionalização sendo mais "locais", ie, próximas, ie imediatas. Sendo que a localidade-proximidade-imediaticidade no digital ocorre entre indivíduos que se imaginam relacionados, o mais óbvio passo das redes sociais consiste em serem a relação entre esses indivíduos, ie, os seus canais de comunicação. Da diferença de sortes entre o Twitter e o Facebook que falámos antes? Outro excerto:
Just as Twitter rode Sand Hill Road’s wave of excitement over social media companies, it appears to have failed to pivot the next big thing: messaging services. (…) The difference between Facebook and Twitter reflects the shift from social media to messaging, which is just the latest in a series of shifts in Silicon Valley. Messaging services are now eclipsing social media companies in terms of user numbers. (…) The move to messaging, a platform that can be monetized, and away from the more-nebulous category of social media is perhaps part of a movement away from quixotic ideas about growth, and a renewed focus on business fundamentals and a path to profitability.
in "The Big Difference Between Facebook and Twitter" 3 nov 2016
O impacto das novas tecnologias sobre o imaginário nacional/internacional não é análogo ao impacto que estas exercem sobre o local: a ingenuidade e credibilidade que inferem no primeiro caso é quase inexistente no segundo, e, paradoxalmente, o seu potencial de envolvimento no segundo caso abismalmente superior. Exemplificamos com as notícias falsas:
Facebook could use its enormous influence to shift the spotlight away from the spectacle of national news and onto local issues that people can see and connect with more directly. (…) "If you want to be free of fake news, you’ve got to focus on things that are observable (...) So there’s nothing that does that like going into your community." (…) Promoting more local content would not only give people a more direct way to participate in issues that affect them where they live, but a more immediate way to verify what’s actually going on.
in "Facebook Shouldn’t Bother Policing Fake News—It Should Go Local Instead" 18 nov 2016
Este exemplo segue a mesma linha de raciocínio que nOS POSITIVOS defendemos a propósito de frameworks totais, e, antes de terminarmos o post, prometemos arranhar mais um pouco desta ainda a propósito de comunidades próximas. Totalmente a despropósito, mas para não desistirem de pensar que desistimos de pensar naqueles outros assuntos, recordamos que já referimos de passagem a importância do "local" quer a propósito de webcomics:
unconventional webcomics have now newly emerged as a new leader in the local entertainment business (…) local broadcasting companies are increasingly eyeing those webcomic artists with their unique and trendy ideas
http://www.ospositivos.com/2016/09/a-industria-dos-webcomics.html
- como do punk/fanzine & punk/música:
"a ‘explosão' de fanzines punk foi, aliás, uma das principais responsáveis pelo incremento dos média alternativos: imprensa local, rádios livres, televisões "piratas"
The discussion seeks to relate the relevance of punk musical performance and the importance of local music scenes
http://www.ospositivos.com/2016/10/punk-gone-digital.html
Voltando, arranhando. A internet é hoje uma plataforma mais internacional que há poucos anos atrás. E cada vez menos -apesar dos grupos (e lê naqueles "grupos" um duplo sentido) - um local de diálogo com próximo.
Vamos elaborar sobre esta descrição em artigo à parte sobre a descentralização da web, mas fica a intro pelo exemplo mais paradigmático que nos ocorre: por alguém que ficou suspenso numa capsula do tempo e não assistiu ao morphing da web pelo que reteve a capacidade de se surpreender com o estado desta.Destaques nossos.
Hossein Derakhshan was imprisoned in Tehran for six years for what he was publishing on his blog. When he was freed in 2014, he realized the internet had changed drastically. Instead of being the web of the mid-aughts, the blogs and independent platforms connected by hyperlinks that he had left behind were replaced with a select handful of barely connected, gated social networks like Instagram, Twitter, and Facebook.
in "This Is How Facebook Is Radicalizing You" 16 nov 2016
E consequência desses silos?
[Facebook’s News Feed] silences the minorities because if you don’t have a popular opinion or popular post, that opinion won’t even be seen by your own friends
in "This Is How Facebook Is Radicalizing You" 16 nov 2016
Terminando sobre a importância do local, apresentado-vos no passado -pré-White House going on Trump-gold - que a solução que vaticinamos pressupõe uma web distribuída sem monopólios ou gatekeepers. Voltaremos a esta, mas, recordando os problemas e tribulações do Twitter que aqui registamos a propósito do clusterfuck que foram as eleições norte-americanas, note-se a diferença entre as duas realidades:
If you want to fully understand Twitter’s abuse problem, a good place to start is at Google (...) Like Twitter, Blogger had grown quickly as a broadcast tool, becoming home to a wide spectrum of voices, no small number of which were loud and obnoxious and objectionable. (…) And while Blogger’s free speech problems were novel, small-scale, and often abstract, Twitter’s follower model and public reply system proved thornier to manage. There’s a big difference between people saying hurtful things on the easily moderated comment section of a hard-to-find blog and people showing up in your mentions spewing hate speech.
in "A Honeypot For Assholes": Inside Twitter’s 10-Year Failure To Stop Harassment" 11 agosto 2016
Uma web distribuida, e, principalmente descentralizada, permite a panóplia de comunicação universal que todos beneficia minus aquele megafone de omnipresença histérica que se escusa ao julgamento da ponderação, um que as redes sociais exacerbaram. Os memes, por exemplo: formatos que encontraram nestas um canal ideal de propagação. Inocente? Nem por isso.
A meme like the Ice Bucket Challenge was the first big indication that Facebook had drastically changed the structure of popular culture (…) memes have appeal and the most viral ones go mainstream [e as] Facebook pages get bigger.
in "A Honeypot For Assholes": Inside Twitter’s 10-Year Failure To Stop Harassment" 11 agosto 2016
Megafones histéricos omnipresentes, memes e bigger Facebooks?: De uma congratulação misto admissão por um alt-rightiano:
"We actually elected a meme as president"
leituras adicionais
- local
- $$$
"We don’t need as big a profit as some other media."
Smyth expects to take advantage of the fact that venture capital companies, having bought up newspapers to squeeze out profits, will be looking to unload them cheaply in the future. As metro dailies have trimmed their footprints to cut costs, many have abandoned coverage of small towns far from their core circulation. It is in those towns where INI keeps delivering the news.
in "A chain of small newspapers hits on a formula for growth" 5 dez 2016