“36% dos autores de BD em França vivem abaixo do limiar da pobreza”
Há algum tempo que não damos a atenção merecida à BD: demasiado ocupados com outros assuntos. Sejamos levianos hoje: do que de mais relevante escolhemos resumir destes últimos dias, presenteamos-vos com esta sequência da peças. Desafiamos-vos a fazer sentido delas.
Bem vindo ao clube!
No Clube do In(v)erno destacam a notícia do Público.
E em Portugal é aproximadamente 100% lol (se bem que, claro está, o N da população deve rondar os 20-30 g@tos pingad@s).
s/ título 4 fev 2017
Com a tag "comics politics", voltaremos aqui no final. Antes: todos pobres, e esses todos não enchem uma mesa de restaurante, mesmo se pudessem pagar a reserva desta. Já da peça original sobre os resultados do estudo feito, três comentários:
As suas respostas mostram que há mais mulheres do que em anos anteriores, constituindo 27% do universo de inquiridos, mas que estão em ainda piores condições do que a média dos autores masculinos – 50% delas vivem abaixo do limiar da pobreza. Outros dados indicam que 56% dos inquiridos têm menos de 40 anos e que as mulheres são em média mais jovens (34 anos).
in "36% dos autores de BD em França vivem abaixo do limiar da pobreza" 4 fev 2017
27% mulheres, really?... a BD será maioritariamente no feminino em poucos anos, só compreendemos esses números sabendo de antemão como no Festival de Angoulême têm este pequeno-grande problema em conseguir representar gaijas na BD. Pelo menos dão-lhes a igualdade de oportunidade de viverem na pobreza -ainda se não o fazem na riqueza-, e sempre assinalaram a tendência: são maioritariamente chicks - o mundo será delas, senhores.
Desse mundo, e onde toca àqueles assuntos que nos têm ocupado:
Sobre as respostas ao inquérito pairam as mudanças e os fenómenos que nos últimos anos tocaram o sector, da Internet e da profusão de autores e de possibilidades de edição e publicação à quebra das vendas.
in "36% dos autores de BD em França vivem abaixo do limiar da pobreza" 4 fev 2017
Novas tecnologias, massificação de acessos, meios e produção, populismos e $$$, valerá a pena repetirmo-nos novamente? Talvez outro dia, com especial carinho.
E sobre carinhos especiais, e on topic com tópicos que se repetem:
Participaram cerca de 1500 autores, na sua maioria franceses, uma fatia de belgas e outras nacionalidades (Portugal não é nomeado na lista, mas o espírito dos resultados poderá espelhar em parte o cenário noutros países).
in "36% dos autores de BD em França vivem abaixo do limiar da pobreza" 4 fev 2017
Um estudo que nada toca a Portugal mas com um espírito de resultados poderás daí extrapolar o que quiseres e bem entenderes. Ah, aquele bom jornalismo profissional de referência que tanto nos falam: sem relação ou factos? Insinue-se.
Mas voltando ao $$$,
O argumentista Benoit Peeters apontou também ao Libé o “efeito perverso da novela gráfica que permitiu abandonar o pagamento por página”, provocando uma quebra nas receitas, acompanhada por uma descida nas percentagens de direitos autorais noutros formatos. Percebe-se que os autores vivem sobretudo dos adiantamentos dos direitos e que a sua relação com os editores, descrita como boa por 68% dos auscultados, é cada vez mais complexa do ponto de vista legal e exigente no que diz respeito ao volume de produção exigido.
in "36% dos autores de BD em França vivem abaixo do limiar da pobreza" 4 fev 2017
A nossa deixa para avançar dois dias e nova peça, "Câmaras editoras" 7 fev 2017. Deste, o destaque necessário acima de todos os outros:
- com a vantagem adicional de, geralmente, o pagamento destes trabalhos não estar dependente das vendas.
in "Câmaras editoras" 7 fev 2017
Deixamos a leitura do artigo à vossa vontade, vários asteriscos seriam necessários ao texto além daqueles que o autor já acautela. Mas não desanimem - apesar de ser um old geezers game:
Um nicho criado e explorado (...) e depois aproveitado por (...) autores - maioritariamente num registo clássico
in "Câmaras editoras" 7 fev 2017
- temos para nós que uma certa associação tem feito desse mesmo expediente * um hábito para a edição de livros muito pouco dados a esses registos.
* asterisco alert! asterisco alert!
Keep following tha money, e um recap das contas do ano passado publicado ontem - que não poderás ler sem pagar pelo privilégio de o fazer:
Graphic Novels Had a Strong 2016, Though Comics Sales Slowed
in "Graphic Novels Had a Strong 2016, Though Comics Sales Slowed" 10 fev 2017
Bom ano - esquecendo os autores que vivem no limiar da pobreza... - mas as vendas desaceleraram e aqui somos novamente puxados de volta ao mesmo:
Retailers blame the presidential campaign and postelection anxiety for soft sales
in "Graphic Novels Had a Strong 2016, Though Comics Sales Slowed" 10 fev 2017
Aquilo dos “Comics Politics”.
Os dias que foram. Em tópico com dias por vir, e a palavra chave é desencanto:
... porque tememos que não seja igualmente muito significativo.