I know print is doomed to be erased by the Web, so let me offer a few a modest requests for site designers, editors, and publishers. Don't completely forsake the design language that made newspapers great and informed readers for generations.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Continuando do estado da arte em padrões de design e desenvolvimento e na medida que estes se enredam por ponderações ideológico-deterministas (*).
* Se a tal forem sensíveis.
A teoria e prática do desenvolvimento web moderno rege-se pelo mesmo preceito elevado à lei de mercado na economia digital que já antes havíamos abordado: a atenção, e falta dela. Simultaneamente um recurso renovável mas escasso, mercadoria atípica cujo valor reside justamente na sua volatilidade e exclusão dos demais no seu exercício, encontra-se na base das diligências de batalhões de designers e engenheiros que se propõem a encadear numa precisão científica todas as acções que possam os utilizadores das suas aplicações incorrer nestas, efetivamente determinando emoções, pensamento, comportamento.
A atenção apenas é secundada em importâncias por um outro plano de existência ao $$$ no digital, um com implicações mais difíceis de quantificar apesar de literalmente se decompor de valores quantificáveis: os teus dados pessoais. Este é o produto refinado por excelência, aquele que apenas alguns conseguem recolher em quantidades e qualidade suficientes para dele extrair o valor acrescentado de vender os teus hábitos e rotinas a terceiros que, por sua vez, irão monetizar sobre as tuas necessidades. Eventualmente, a voluntariedade dos utilizadores em fornecer esses dados será desnecessária e serão recolhidos automaticamente por todos os tipos de sensores, ou mesmo forçados por obrigação legal ou contratual – vide "seguro do carro sem penalização? Só com GPS activo e ligado à central 24h por dia".
Ao contrário dos conglomerados de big brothers que se esgrimem por mapear, a uma escala proibitiva aos comuns dos mortais, os teus relacionamentos, estado profisional, carreira académica, saúde, comunicações, emails, movimentos, etc, o mercado da atenção manterá um valor base inerente a pedagogos e demagogos alike: o seu acesso é mais democrático - vide: youtubers- enquanto a internet se mantiver neutra, e com ela a promessa de influência na opinião pública.
A iniciar o nosso périplo pela atenção, imprensa, padrões de design e desenvolvimento, métricas sobre todos a toda a hora, citamos a crónica de António Guerreiro de hoje, "Atenção à escola" 7 abril 2017:
A atenção deu origem a uma economia e a uma ecologia porque se tornou um bem difícil de obter e pelo qual todos lutam.
in "Atenção à escola" 7 abril 2017
Guerreiro, N. Katherine Hayles, deep attention vs hyper attention:
Enquanto a primeira se caracteriza pela incidência num único objecto durante muito tempo, a segunda procede por rápidas oscilações entre diferentes tarefas e múltiplos fluxos de informação, buscando altos níveis de estimulação exterior; os tempos longos de que a primeira necessita são, para a segunda, causa de um tédio intolerável.
Esta diferença cognitiva entre uma atenção profunda e uma hiperatenção é a marca de uma mudança geracional. O livro, o medium tradicional que assegurou a eficácia do ensino, ao longo de gerações e gerações, e promoveu a transmissão e a acumulação de saber, tornou-se de uso difícil para quem foi imerso desde a infância nos media digitais.
Os dois regimes de atenção têm vantagens e desvantagens. E uma combinação equilibrada das duas seria muito interessante para a pedagogia. O problema é que a hiperatenção ganhou uma força descontrolada, generalizou-se, e veio provocar uma desordem. Os efeitos são irreversíveis: as crianças que cresceram em ambientes dominados pelos media são capazes de conexões diferente daquelas que atingiram a maturidade noutras condições.
A relação geracional com os media descrita atrás foi-nos recordada ontem a propósito do redesign de um outlet noticioso, o qual remete em fim de artigo para a peça que registamos pela ilustração tão sucinta das implicações media-design-digital-atenção que nos ocupam neste primeiro long read de início de fim-de-semana. Diz-nos o autor, circa 2016, no espirituosamente entitulado "Why Print News Still Rules" 20 set 2016 . Da atenção:
Reading online, I comprehend less and I finish fewer articles than I do when I have a newspaper in hand. Online, I often forget why I clicked a page in the first place and start clicking on outside links until I'm tumbling through cyberspace like a marooned astronaut.
I love the immediacy of the Web (...) but when it comes to really taking something in, the difference between reading online and newsprint is like the difference between driving to the neighborhood grocery store and walking. Reading online speeds things, usually to the point that they begin to blur. But reading newsprint slows you down, giving your news absorption a "human scale" feel, and lends clarity to the experience.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Das gerações:
My newsprint preference may be generational. Young audiences have the opposite experience (...): even when they have a newsprint newspaper available, they privilege digital news because of their superior ‘usability'
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Das vantagens do digital:
I will concede that online exceeds newsprint in several major arenas. Print is expensive. Online is cheap or free. Online is easy to search, its archives are quickly obtainable, and its stories can be shared and copied with ease. Online stories contain valuable links. Print? Uh-uh. Online is constantly updated while newsprint rests there in a pile, slowly decomposing and begging to be recycled.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Dos padrões de design, emergentes dos constrangimentos históricos do formato.
What accounts for print’s superiority? Print—particularly the newspaper—is an amazingly sophisticated technology for showing you what’s important, and showing you a lot of it. (...) Newspaper designers have created a universal grammar of headline size, typeface, place, letter spacing, white space, sections, photography, and illustration that gives readers subtle clues on what and how to read to satisfy their news needs.
Web pages can't convey this metadata because there's not enough room on the screen to display it all.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Do webdesign, e o que o determina:
As bad as they are, news Websites are getting worse and have been getting worse since the commercial Web took off in late 1995 and mid-1996, and sites like Salon, Slate, Feed, and others started experimenting with the form. At first these sites pulled the reader in with designs that encourage an immersive experience. Gander awhile at these Slate classic pages, which the brilliant Bill Florastirred up out of pixel dust. In the beginning, Slate published about seven or eight stories a week, and like the print magazine we were trying to ape, published just once a week. The layouts didn’t scream at you to visit other pages. There were no interstitials. White space filled the pages like summer clouds. The ad-load didn’t overwhelm. The illustrations were as good as the copy. The site used page numbers to give you a sense of how big the "issue" is, so you didn't get lost in a sea of copy. It whispered, it didn't scream. It said, here's the best we've got with the stories it published. Today, it seems like Slate and most of its competition use every available square inch of screen real estate to place ads and those annoying (paid) Outbrain refers to stories on the Web.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
Aquilo do $$$.
O design resulta do uso inteligente e criativo dos condicionamentos materiais e humanos da peça em mãos -funny!-, e o seu uso comercial um dos seus mais evidentes constrangimentos actuais. Voltemos ao exemplo do design para news media:
What is to be done? As long as news sites measure their success on clicks and feed their metrics by publishing a swelter of copy and hoping that something will catch fire, I can't imagine anything changing.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
De facto, nesse ponto introduzimos o artigo que mencionámos anteriormente. Para a discussão papel-digital, cruzado aos media e atenção, o recente makeover da VOX 6 abr 2017.
Here's what you don't hear as often: an argument that digital homepages should look something like their teetering-on-the-verge-of-extinction, dead-tree predecessors.
in "Why Vox redesigned its homepage with newspapers in mind" 6 abr 2017
Mil um uma razões se tropeçam entre si nos compêndios de design para te explicarem à vez porque não deves querer reproduzir no ecrã metáforas próprias do papel. Simultaneamente, grande parte dessas razões acompanham-se de asteriscos e notas de rodapé suficientes para compreenderes que os velhos princípios de paginação persistem de meio em meio. No caso do redesign da VOX, a herança é assumida:
The new redesign of Vox.com (...) is another testament to the curious persistence of newspaper design in the digital age.
They needed a homepage that felt credible, smart and represented the depth and breadth of their coverage.
The team took a retro feel for its first overhaul of Vox.com's homepage since 2014 because it conveys credibility and allows the team to impart context around top stories
in "Why Vox redesigned its homepage with newspapers in mind" 6 abr 2017
Ainda que, novos-velhos constrangimentos persistem e impõem-se. Se o tráfego directo pelas redes sociais permite uma maior liberdade à criatividade nas homepages agora em segundo plano, não se brinca com a base: o canal de acesso, o push da publicidade.
- The mobile homepage, by contrast, appears in the now-ubiquitous vertical feed format, which has long dominated social networks and is now becoming standard-issue for news websites.
- Another focus of the redesign was the ability to emphasize various products and brands on the site
E, acrescentamos também mercê daquelas coincidências de leituras, uma nova tendência emergente entre os media adivinha-se. Do mesmo artigo evidenciam a paridade do design obedecer a um new editorial strategy, um que se pretende -
More serious and functional
Para compreendermos a amplitude do destaque, avancemos um dia para a peça da mesma Poynter, "Google is now highlighting fact checks in search" 7 abr 2017:
Google’s latest search tweak fits into a broader push to add context to digital content that signals trustworthiness (or lack thereof). From media outlets more clearly identifying satire and opinion articles in headlines to Facebook’s partnership with third-party fact-checkers to flag disputed content, several attempted solutions to the problem of rampant misinformation fit this trend. Which organizations qualify as reliable fact-checkers will inevitably become a point of contention.
in "Google is now highlighting fact checks in search" 7 abr 2017
O Google acena com nova oportunidade aos media de subirem nos seus ranks de resultados, estes dão as cambalhotas necessárias para garantir essa visibilidade. Ainda que, nem tudo seja tão transparente - nunca o é.
In order for an item to appear as a fact check on Google, its publisher must: be using the Schema.org ClaimReview markup or the Share the Facts widget; adhere to the Google News General Guidelines; be "algorithmically determined to be an authoritative source of information." Google is wary of sharing proprietary information on the final point.
in "Google is now highlighting fact checks in search" 7 abr 2017
Dos constrangimentos ao design estamos iniciados, e reforçámos a chamada de atenção à peculiar categoria de escolhas que se fazem, não por emanarem do material que são feitos ou do uso que se lhes dá, mas apenas e tão só da monetarização que se pretende destes. Consequentemente, estranhos ao mesmo, dizemos nós. Fechemos com o romântico do jornal:
If only publishers can be persuaded to care more about who reads their content and less on how much they read. The newspaper end is near. I hope something approximating its glory will replace it.
in "Why Print News Still Rules" 20 set 2016
OS POSITIVOS: a apontar para um certo tipo de glória - porque o humor é parte, e uma parte séria. No espectro oposto de seriedades reconhecemos também o primeiro postulado: mesmo se não nos lêem, quem o faz já é causa de ponderação. Voltaremos a esse tópico depois do vosso crash course em tecnologia, design e ideologias em digital.
- Dad, did people really used to drive their cars back than and go wherever they wanna?!
- Yes sweetie, that was before we were deemed too dangerous and irresponsible. Now they design the cars to drive themselves around pre-selected routes. It’s safer this way.
- What if I wanna go some place new?
- There’s an app for that.
- What if I wanna do something fun?
- Ssh: they might ear u. I don’t wanna fuck up my premium.