Na sua variante adulta os comics são principalmente avaliados e discutidos enquanto texto, ie, no oposto da sua apreciação meramente estética. A predominância da "novela" no par graphic novels em detrimento dos gráficos é por demais evidente - estes não funcionam, por definição, isolados de uma continuidade ou sua ruptura: necessariamente resolvem o seu sentido por comparação sequencial.
Contra a maturidade alcançada entre académicos e críticos rendidos à componente literária, novos criadores formados em belas artes - intencionalmente jogando na sua dimensão gráfica e experimentando com a sua estrutura - reposicionam a ênfase na arte visual com intuitos e técnicas que nada devem à literatura clássica. Sem intenções dramaturgas de narrar qualquer estória explicitamente negligenciam a narrativa ou quaisquer outros mecanismos habituais à banda desenhada que lhe permitam uma sugestão de "estória" entendida nos seus moldes clássicos.
Qualquer sentido meta-literário resultante assemelha-se à contemplação passiva de um quadro, mais próximo da experiência sensorial típica de um museu ou galeria do que à imersão cinematográfica de uma banda desenhada de entretenimento. Mais do que contar a estória, executam-se propriedades visuais pela apropriação de elementos reconhecíveis do domínio dos comics, a sua prática depende do aproveitamento da banda desenhada como material base de trabalho mas não necessariamente como finalidade última.