A rebuttal, of sorts.
Não podemos discutir a bd porque não a conhecemos. Talvez um dia se invente uma tecnologia que permita o acesso a todo o tipo de conteúdo de forma rápida e aberta mundo fora, mas obviamente tal coisa não existe e estamos a falar de magia e pós de perlimpimpim (à qual se chamaria “Internet” nesse mundo do faz-de-conta com que estamos a fantasiar aqui...) Sendo que, por via da exclusividade do formato eleito (o fetiche do livro impresso em serigrafia), o objecto em questão não entrará certamente no espectro da divulgação do saber, e assim teremos que o relegar para o arty-farty inconsequente e escusamo-nos de maior debate sobre esse.
Falemos então do conceito em si, a abolição do trabalho. O júri is still out on that one.
O tema sofre do mesmo mal que a restante literatura sofre: insuficiência. Não acusamos falsidades, apenas uma interpretação não suficiente da realidade, e por essa razão apenas receamos que as verdades contidas no texto em questão sejam confundidas como a única verdade possível por aqueles que não conseguem compreender a diferença. Como em todos os ismos, o anarquismo não é livre de pecado nem um corpo de conhecimento tranquilo sem pontas soltas, e quem o insistir enquanto verdade absoluta é um anarco-fascista, pese a infeliz condição. A verdade que melhor nos serve, é aquela que nos serve, e do caldeirão dos ismos não nos devemos deter ante nenhum e nem nos dobrar à literatura, insistindo em escolher o caminho que fazemos. Não há verdades absolutas porque somos todos diferentes. E se aceitas essa premissa, aceitas a liberdade de escolha enquanto ela for livre, por mais abjecta que te seja se não viola a de ninguém.
O que nos traz de volta à particular insuficiência que aqui receamos. We’ll bite tha hand that feeds. Mas por todos os bons motivos. Já a literatura parece pedir por um leap of faith que quase pressupõe que a humanidade caminhará eventualmente em direção ao futuro de mãos dadas ao som de hinos new age. Desconfiamos. O mundo é bem mais feio e agressivo do que boa parte de burgueses privilegiados ou aristocratas importunados consideraram no momento de escrita de alguns dos postulados mais famosos sobre a condição humana.
Termina o autor com esta frase:
An optimal sexual encounter is the paradigm of productive play, The participants potentiate each other's pleasures, nobody keeps score, and everybody wins. The more you give, the more you get. In the ludic life, the best of sex will diffuse into the better part of daily life. Generalized play leads to the libidinization of life. Sex, in turn, can become less urgent and desperate, more playful. If we play our cards right, we can all get more out of life than we put into it; but only if we play for keeps.
No campo das metáforas, não há aqui uma única palavra sobre os que escolhem ser violadores. Porque os há.