Eis que finalmente foi catalogado – 20 anos depois? – o único número possível de encontrar na Bedeteca de Lisboa do Carneiro Mal Morto (...) criado e editado por Rafael Gouveia e Daniel Dias. Entre várias BDs curtas destes autores é excepcionalmente bela a BD "Lonely planet" de duas páginas, em que a sensação de solitude é exposta de uma forma desarmante e simples. Uma pérola a rever…
in "Carneiro Mal Morto" 23 mar 2018
Desculpem se quebra a analogia já que a visita ao museu -perdão, biblioteca- é obviamente uma experiência de proximidade e hands-on, mas paradoxalmente porque ainda estão para inventar alguma tecnologia que lhes permita a partilha de texto e imagem para lá do tempo e espaço, parecem dizer-nos:
"Uma pérola a rever… nas minhas mãos, ao longe e sem tocares, e enquanto abano os braços muito depressa."
Talvez outros vinte antes de alguém digitalizar as páginas e colocar online para o resto da humanidade ter oportunidade de ler? Entretanto vamos adorar o -último?- objecto e deixar morrer o seu conteúdo numa estante - hell, não queremos atrapalhar o percurso comercial que a obra ainda terá a dar aos seus autores. Que lhes importa: o molhe de folhas, ou o conteúdo nestas? As duas páginas da excepcionalmente bela BD continuarão lonely no seu planeta de solitude, e assim se cumpre uma obra, simplesmente desarmada numa exposição sem leitura.
De outros (?) paradoxos e velhas mulas que ainda recusam a evolução dos comics:
The book format has an indisputable aura for both authors and readers. In a sense, then, the desire for formal innovations in comics is already met by print comics.
Felizmente, nós tratamos dos que se seguem:
The history of technology teaches us that it takes time for inventions to reach widespread use. It takes a certain time for a technological invention to adapt and become an innovation, [ie] socially accepted.
My assumption is that the formal development of comics is linked to the way technology alters social-economic practices, but does not necessarily move forward at the same pace.
E nós somos os anti-sociais de serviço? Senhores… vamos acelerar o passo sff.