Interrompemos considerações à BD em digital e declínio do livro, e no tópico de "poesia, a filosofia, as ciências humanas, o teatro", o nosso/vosso takeaway a leituras de fim-de-semana.
A última crónica de José Pacheco Pereira, neste jornal, era um grito de alarme e uma exortação - merece ser repercutido, discutido e prolongado.
in "O saudável ódio aos livros" 9 mar 2017
Também a de António Guerreiro (*), de quem pacientemente desejamos assistir a uma troca de argumentos online. Exortamos-vos ao mashup:
*) E porque já não é início de fds sem um comentário nosso às suas crónicas semanais. A anterior resume boa parte do nosso capítulo em media / imprensa / tecnologias: se não nos leram à data, têm aqui os cliff notes necessários ao “Fim de um Mundo” 2 mar 2018.
A verdade é que não assistimos, no nosso tempo, a um declínio do livro como medium. Pelo contrário, eles são cada vez mais abundantes e o mal de que padece o sector não se manifesta no emagrecimento, mas na obesidade. (...) Tanto livro, tanto livro, mas a maior parte do património literário está completamente ausente da edição e, ainda mais, das livrarias. (...) E assim tudo concorre para a lógica perversa da extinção ou da circulação quase clandestina de uma parte muito importante da produção editorial.
No entanto, sabemos muito bem que há espécies bibliográficas em perigo, que há géneros minoritários que vão escasseando. O que está em perigo é precisamente o sector da literatura, do ensaísmo, da ciência e das humanidades.
Podemos dizer que os livros gozam hoje de um prestígio que, na generalidade, já não merecem; e que não há maior injustiça do que o triunfo deste canibalismo do lixo editorial que, ainda por cima, se alimenta do capital simbólico daqueles que ele devora. Não há certamente nenhum outro sector da produção e do comércio tão necessitado de uma revolução, de uma destruição que faça tábua rasa da ordem existente. Aguardamos com impaciência e pouca esperança um assalto total perpetrado por grandes destruidores. Entretanto, tenhamos a coragem de dizer à entrada de uma dessa livrarias que nos recebem com os “tops” de “ficção” e “não-ficção”: odeio livros.
in "O saudável ódio aos livros" 9 mar 2017
OS POSITIVOS: protegendo espécies em perigo, a educar uma nova geração de vândalos às portas da cidade pela destruição que faça tábua rasa à ordem existente - e porque odiamos livros nos tops, reais ou ficcionados - falamos dos tops.
Fazemos a nossa quota-parte de literatura ensaiada em ciências e humanidades com filosofia dramática e algum lirismo à mistura - se nos souberem encontrar, ie: aquilo do clandestino.