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Deleuze e Guattari "Anti-Oedipus" 1972

Obrigados a dois disclaimers antes do parafrasear. Primeiro o nosso: nOS POSITIVOS não cremos na academia como vanguarda do social. Quando o é, é inútil na sua versão inócua se lhe falta o apoio, extremamente prejudicial se bem sucedida em consegui-lo: a sua função é-nos mais elucidativa à posteriori. Se notamos points of overlap between the concepts of the (anti-capitalist) movement and key trends within cultural studies and cultural theory” é porque eles lhe dão essa importância, não nós. Segundo, o habitual:

The discussion here should not by any means be regarded as an adequate summary of the totality of these writers’ works, excellent introductions to all of which are in print, and of course, there is never any substitute for reading philosophical texts for oneself.


Deleuze e Guattari "Anti-Oedipus" 1972


Apresentado o “Anti-Oedipus”, primeira de duas obras reunidas num “Capitalism and Schizophrenia” a que se segue um "A Thousand Plateaus", elege-se como uma das publicações mais importantes do rescaldo do Maio de ’68 e sucessora do seu espírito, derivando-se-lhe importância no desenvolvimento de argumentos com implicações simultaneamente colectivistas e libertárias, uma paridade improvável à data que provoca uma ruptura com tradições vigentes. Consequência da desilusão / desapontamento generalizado como as gerações anteriores haviam pensado e combinado marxismo e psicanálise dentro de uma framework de estruturalismo intelectual totalizadora e rígida de cultura, que por finais da década de 60 se assemelhavam mais a uma ortodoxia inflexível do que a uma filosofia de libertação: a enfâse estruturalista na compreensão dos padrões profundos e duradouros da cultura humana não pareciam oferecer nenhum entendimento sobre o que tornaria possível a mudança social ou pessoal - a que se alia uma reacção crescente contra a percepção de autoritarismo das instituições (“psicanalíticas”, académicas, políticas) do Estado e da esquerda organizada.

Conciliando novas filosofias libertárias com uma visão política não individualista da condição humana, os autores apresentam modelos de maximização da liberdade evitando apresentá-la como condição meramente subjacente ao individuo que o separe e isole dos demais, predispondo todo um novo vocabulário de novas formas de pensar que evitem falácias de tradições anteriores nessas (in)competências. Entre outras inovações, talvez desterritorialização seja um dos termos mais consequentes, processo pelo qual algo estável e definido (“fixo”) deixa de o ser quando as suas fronteiras se esbatem e os seus componentes se tornam “móveis”. D&G recorrem ao termo para descrever a destabilização de uma qualquer prática ou lógica opressiva / “ossificada”, cedendo lugar a novas possibilidades - processo oposto à territorialização e reterritorialização no qual um determinado conjunto de elementos é re-ordenado, agrupado, parcialmente estabilizado. Passo similar, introduzem igualmente as noções de espaços “striated” e “smooth” para descrever ambientes diferenciados, hierárquicos e difíceis de atravessar, ou espaços contínuos que permitem uma grande mobilidade e fluxo.

De fluxos..., Sycho-anal

Dos conceitos-chave cruzados em Jeremy Gilbert - power, complexity, hegemony and creativity - D&G colocam especial importância na criatividade. Se filósofos contemporâneos (Derrida, Irigaray, Foucault) focam-se na identificação da conceptualização problemática de aspectos básicos da experiência humana na cultura ocidental, Deleuze e Guattari procuraram noções alternativas que lhe fossem além, exigindo políticas fundamentalmente mais libertárias do que as imaginadas pelas gerações anteriores de “freudo-marxists” (cita-se Roland Barthes e Jean-François Lyotard). Nesse sentido “Anti-Oedipus” não é uma crítica da psicanálise per se, antes uma tentativa de avançar implicações radicais subentendidas nas descobertas de Freud. Na sua conceção de desejo - freud explica -, não se anseia por algo em falta: o desejo é um impulso criativo que as instituições repressivas tentam cingir e bloquear. Freud declarar que a suposição ocidental moderna de pessoas como seres racionais e indivíduos em autocontrolo é falsa cabendo à psicanálise as ferramentas que nos permitiria a aproximação a esses desígnios: D&G propõem-nos que a abordagem falha o alvo julgando que são as próprias suposições normativas da cultura a errar, não a inevitável desadequação de comportamentos à expectativa formada. A cultura ‘Oedipal’ transforma-nos em sujeitos que experienciamo-nos como prescrito, incapazes de atingir pleno prazer das nossas acções se interiorizamos o desejo como algo sempre/já perdido. Este relato da condição humana é essencialmente trágico: seres humanos condenados a uma vida de relativa insatisfação, governados em última instância por desejos que nunca poderão ser satisfeitos em parte devido a constrangimentos sociais, parte porque é da sua própria natureza permanecerem insatisfeitos. A literatura psicanalítica que define o desejo como sintomático de uma pesquisa sem fim de algo que nunca podemos alcançar ou ter segue na esteira de uma longa tradição filosófica obcecada com a ideia do real como imutável, estático, autocontido, o somar de uma continuidade histórica de pensamento e prática no ocidente que analisa os padrões sociais, económicos, materiais, biofísicos e psíquicos através da história da civilização. Uma tendência antiga que remonta a Platão no julgamento de todas as coisas presentes no mundo comparadas a um suposto ideal: a realidade material é uma versão corrupta, incompleta, versão degradada desse ideal que lhe transcende. Tradições alternativas supõem o mundo material sem categorias pré-concebidas, no seio das quais encontramos D&G a conceptualizar a incompletude e subjetividade como condições positivas às conexões e relações produtivas que podem existir entre pessoas e o mundo material.

Daqui, a esquizofrenia como condição radical de criatividade livre (“descontrolada”), classificada de patologia por uma cultura que apenas sobrevive se autolimitar e conter a criatividade em qualquer nível de experiência. Novamente o conceito de desejo revisto à luz de D&G e acréscimo de termos ao linguajar: ‘desiring-production’, um compromisso positivo, criativo, inventivo com o mundo - concepção bastante diferente do desejo como ânsia do inalcançável. D&G não julgam apenas a anterior acepção errada: o desejo torna-se uma força produtiva, devemos ir além do compreender das estruturas psicanalíticas culturais e descobrir igualmente de onde vêm, como as mudar ou como lhes escapar.

Down with Politics

Principalmente a propósito do "A Thousand Plateaus" no qual se exploram diferenças entre rizomas e árvores:

  • Rhizomes are plant stems which grow underground, with roots and shoots growing from their nodes to constitute a spreading horizontal network.
  • Trees, which are vertical in shape, with roots clearly defined at the bottom, a single trunk and branches and leaves at the top.

O contraste ilumina a diferença entre formas de organização e pensamento hierarquicamente subordinadas, definidas por ordem e estabilidade, de estruturas rizomáticas, horizontais, dotadas de uma multiplicidade de conexões entre pontos, e que os autores aplicam aos sistemas sociais vigentes. As implicações das suas ideias entre movimentos anticapitalistas devem-se justamente à valorização das soluções adiantadas: rede descentralizada, sem líderes, Deleuze e Guattari suspeitam de hierarquias e concentrações de poder, valorizam-se o nomádico sobre o sedentário, o móvel sobre o estático, o produtivo sobre o destrutivo, a invenção sobre a análise, a Humanidade é encarada com o uma de várias formas de vida que entre si partilham certas características - posição que os aproxima igualmente de movimentos ecológicos.

Sendo fácil ler D&G como defensores de posicionamentos pelo anarquismo dada a suspeita a qualquer ordem estável e hierárquica, os próprios recomendam que não se tome automaticamente partido por espaços rizomáticos ou pela sua desterritorialização: explicita ou implicitamente essas distinções conceptuais são úteis apenas como abstrações analíticas, alertando mesmo para o perigo de uma excessiva ou demasiado célere desterritorialização. Ou, como salienta o autor da saliência dos autores:

They themselves assert that "no political program will be elaborated within the framework of schizoanalysis.

Se "they themselves assert"

outras assertações